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Estudo da Universidade Portucalense revela que em 2005/2006 havia 40 turmas nos cursos profissionais nas escolas secundárias públicas. Um número que aumentou para 450 em 2009/2010. E 63% dos inquiridos iniciaram uma experiência de trabalho logo após a conclusão da formação.
Os números recolhidos revelam várias realidades: o número de alunos nos cursos profissionais nas escolas secundárias públicas portuguesas não parou de aumentar, desde que o ensino profissional foi implementado na escola pública em 2004. Um estudo realizado pelo Departamento de Ciências da Educação e do Património da Universidade Portucalense, coordenado pela professora Cláudia Teixeira, dá conta que em 2005/2006 havia 40 turmas de cursos profissionais nas escolas públicas e que no ano seguinte subiu para 100 e não mais parou de aumentar. Em 2007/2008, havia 200 turmas, no ano lectivo seguinte 300 e 450 em 2009/2010.
O número de alunos não parou assim de esticar e, neste momento, há mais estudantes a frequentarem cursos profissionais em escolas secundárias públicas do que nas escolas profissionais. A iniciativa Novas Oportunidades também ajuda a explicar este aumento. Feitas as contas, em 2008/2009, as escolas profissionais tinham 36.089 alunos matriculados e as escolas secundárias 54 899. No ano lectivo anterior, em 2007/2008, havia 31.409 alunos nas secundárias públicas e 31 587 nas profissionais. Antes disso, em 2004/2005, estavam matriculados 3.676 alunos nas secundárias públicas e 33.089 nas escolas profissionais. Em 2005/2006, havia 3990 alunos no público e 32 952 nas escolas profissionais. No ano seguinte, esse número aumentou para 14 981 nas secundárias públicas.
O estudo da Universidade Portucalense pretendeu determinar a atractividade dos cursos profissionais junto dos jovens e, em simultâneo, verificar as saídas profissionais. Nesse sentido, a investigação concentrou-se num estudo de caso junto de um grupo de 24 ex-alunos de cursos profissionais da Escola Secundária de Ermesinde. E foram retiradas várias conclusões: 63% dos inquiridos iniciaram uma experiência de trabalho logo após a conclusão do curso profissional, 25% dos quais na mesma área de estudo. Trinta e sete por cento dos estudantes prosseguiram os seus estudos e ingressaram no Ensino Superior.
Além disso, todos os inquiridos garantiram estar satisfeitos com o currículo dos cursos e salientaram a "versatilidade e cariz teórico-prático" das formações. "A obtenção de uma dupla certificação - académica e profissional - foi por todos enaltecida como uma mais-valia, por lhes permitir, simultaneamente, prosseguir estudos e/ou iniciar a sua vida de trabalho", adianta-se.
A pesquisa demonstra ainda que mais de 40 mil jovens frequentam entre o 9.º e o 12.º anos em cursos profissionais ministrados no Ensino Secundário público e que, dessa forma, não "terão abandonado prematuramente a escola, por opção ou por exclusão, nos últimos dois anos lectivos". "Desta investigação resultou a convicção de que o ensino profissional tem fortes possibilidades de se tornar um veículo promotor do sucesso escolar, pois permite aos alunos desenvolverem os seus talentos individuais e contribuir para a diminuição das taxas de abandono escolar", sustenta, em comunicado, Ana Maria Cortez, investigadora no âmbito do Mestrado em Administração e Planificação da Educação da Universidade Portucalense.
Por outro lado, os responsáveis das entidades formadoras externas dos alunos inquiridos foram contactados e revelaram receptividade quanto à empregabilidade dos estudantes dos cursos profissionais. Um indicador importante para quem centra as suas atenções nesta área. "Esta avaliação feita por responsáveis e potenciais empregadores após terem tido uma experiência de colaboração escola-empresa é muito importante, pois significa a abertura a uma nova visão de escola, passando a encará-la como uma fonte de recursos humanos qualificados", sublinha Ana Maria Cortez.
Sara R. Oliveira | 2010-09-03 | Educare.pt
Nota: As opções de curso e de escola que os alunos tomam ao concluir o ensino básico, e, assim, livremente escolherem a escola secundária onde pretendem prosseguir os estudos, desmontam os argumentos toscos dos que defendem que os mega-agrupamentos possibilitam ao aluno o percurso dos 12 anos de escolariedade no mesmo agrupamento de escolas, esquecendo as singularidades do ensino secundário e, em simultâneo, do ensino profissional quer nas escolas públicas, quer nas escolas profissionais do ensino particular e cooperativo.
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